MAPA FITRAE MTMS
FITRAE MTMS

Filiada a:

ConteeCTB

Publicado em Dec. 16, 2007, 7:43 p.m. - Notícias Fitrae

Entrevista com Wagner Gomes - Presidente da CTB



1. No momento em que está para ser aprovada a lei que reconhece as Centrais Sindicais como parte da estrutura sindical, os sindicalistas do PCdoB, organizados na CSC, decidem sair da CUT e criar sua própria central. O que está acontecendo no sindicalismo brasileiro?
O sindicalismo vive ainda uma crise decorrente da derrota do “socialismo real”, a reestruturação produtiva e a ofensiva neoliberal, que influenciou a subjetividade da classe trabalhadora. Com a eleição e reeleição do Lula vivemos um momento de recomposição sindical no Brasil, que também refletem mudanças no cenário político da América Latina. A criação de uma central classista está associada aos desafios deste novo momento.



2. Por que dessa fragmentação em várias centrais? Principalmente entre as de esquerda. No que há divergência?
A fragmentação na cúpula do sindicalismo nacional teve início com o fracasso e a dissolução da Conclat, seguida da criação da CUT, em 1983, da CGT (1986), da Força Sindical (1991), CGTB, CGT, SDS e CAT (fundidas na UGT). Hoje, o pluralismo é um fato, a unicidade ainda prevalece nas bases. A divisão no interior da CUT é o resultado da evolução de divergências de concepções não só ideológicas e políticas (sindicalismo cidadão versus sindicalismo classista, por exemplo), mas sobretudo no tocante à organização (em relação à unicidade) e à democracia sindical. A conduta da força majoritária na CUT é orientada pelo hegemonismo, que se traduz no fechamento de espaços de poder e representação para as outras correntes que atuam na Central. Tudo isto tem a ver com o esvaziamento da CUT, da qual se afastaram os sindicalistas que hoje formam a Conlutas e a Intersindical, a CSC, a SSB (corrente ligada ao PSB) e lideranças independentes, principalmente dirigentes de importantes federações do campo. O universo da CUT acabou restrito às correntes internas do PT, o que deveria motivar uma reflexão mais série e profunda dos cutistas.



3. Em que medida os dilemas de como se relacionar com o governo Lula são responsáveis por essa fragmentação?
Problemas na relação com o governo Lula tiveram seu peso, porém não constituem o principal fator determinante da fragmentação, que já era fato antes de 2002. Creio que é fundamental manter a autonomia e independência do movimento sindical em relação ao governo, aos partidos, aos credos religiosos e aos patrões. Na reforma da Previdência, promovida no primeiro governo Lula, a autonomia da CUT ficou comprometida e isto prejudicou seriamente a imagem da central.



4. Com o ingresso dos sindicalistas ligados ao PCdoB e do PCB e com a filiação da Contag à CUT, no período mais difícil de resistência ao neoliberalismo, vigorou uma unidade das esquerdas sindicais. É possível recompô-la?
A unidade do conjunto do movimento sindical brasileiro (não apenas da esquerda) é indispensável para derrotar a ofensiva neoliberal, que ainda persiste, e avançar na luta por um novo projeto de desenvolvimento nacional, fundado na soberania e na valorização do trabalho. Por isto, a unidade é um objetivo e um ideal do qual não devemos abrir mão. Pensamos que é possível alcançá-la e defendemos uma proposta concreta neste sentido, que é a realização de uma nova Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) para debater o tema e eleger uma mesa coordenadora para encaminhar lutas unitárias em torno de bandeiras comuns (projeto de desenvolvimento, redução de jornada, salário mínimo, defesa dos direitos, entre outras).



5. Que impacto terá sobre o sindicalismo brasileiro a nova legislação que está para ser aprovado no Congresso: reconhecimento das Centrais Sindicais como representação sindical dos trabalhadores?
A legalização das centrais é um avanço e terá impactos positivos para o sindicalismo brasileiro, embora não seja remédio para todos os nossos males. É necessário promover mudanças, tanto no âmbito da legislação quanto nos métodos e práticas sindicais, visando a democratização das entidades (nos pleitos e gestões) e uma maior participação das bases na vida sindical.

    Escolha a sua rede social e compartilhe a informação
Rua Antonina de Castro Faria, 393, Monte Castelo, Campo Grande/MS - CEP 79010-370 - Fone: (67) 3356-0929 / 3356-0243